Embaixador da Itália no Brasil faz primeira visita oficial a Curitiba

Agenda do diplomata prevê renovação de acordo estratégicos com o Paraná no setor agrícola e ações para os 150 anos da imigração italiana em Curitiba

O embaixador da Itália no Brasil, Francesco Azzarello, que está em Curitiba para uma série de compromissos, recebeu nesta segunda-feira (24) jornalistas para uma entrevista coletiva. Ele e o Cônsul-Geral da Itália em Curitiba, Salvatore Di Venezia, adiantaram ações conjuntas previstas para 2022, ano que marca os 150 anos da imigração italiana na capital do Paraná.

A comunidade italiana no Paraná é a segunda maior do Brasil, com 3,7 milhões de descendentes, o que representa 37% da população do estado. Em Curitiba, os italianos chegaram em 1872. “A comunidade brasileira na Itália dobrou nos últimos anos, chegando a aproximadamente 150 mil pessoas”, adiantou Azzarello. “O Paraná é um dos estados mais importantes do Brasil para a Itália”, defendeu o diplomata.

Em 2022, comemoram-se os 150 anos da imigração italiana no Brasil e, para marcar a data, estão previstos diversos eventos culturais. Boa parte destes eventos compõem o Mia Cara, um festival realizado há 10 anos pelo Consulado Geral da Itália em Curitiba para aproximar brasileiros, italianos e seus descendentes. Este ano, o Mia Cara promoverá uma série de eventos em diversas cidades nos estados do Paraná e Santa Catarina. Estão previstos eventos nas áreas de gastronomia, música, folclore, cinema, teatro, literatura, dança, design, artes visuais e cinema.

Língua italiana nas escolas

Outro tema levantado pelo embaixador foi a possibilidade da inclusão do ensino da língua italiana nas escolas municipais de Curitiba. Segundo Azzarello, a filosofia italiana favorece o plurilinguismo. “Sabemos que o segundo idioma é o inglês. De qualquer maneira, seria interessante poder escolher entre a língua alemã, francesa, espanhola ou italiana. Para o jovem é sempre uma nova oportunidade de ampliar seu universo de conhecimento”, enfatizou.

Acordos comerciais
Entre os compromissos do embaixador em Curitiba está a renovação do acordo de cooperação técnica entre o Paraná e a região italiana de Emilia-Romagna. Desde 2009, ambos mantêm acordo bilateral para a formação e apoio técnico a pequenos agricultores, fortalecimento da agroindústria, preservação do meio ambiente e o incentivo aos parques tecnológicos e ao comércio entre as regiões.

Para o embaixador, existem semelhanças entre os dois países no agronegócio. “Apesar da grande diferença territorial, o agronegócio tem um peso significativo na economia italiana, como acontece no Brasil, e o Paraná se destaca nacionalmente neste setor”, apontou Azzarello. Hoje, segundo Azzarello, o Paraná é o terceiro estado em volume de negócios com os italianos, atrás de São Paulo e Minas Gerais. “O intercâmbio comercial cresceu e continua a crescer, embora ainda esteja longe de alcançar toda a sua potencialidade e existem empresas italianas interessadas em investir no Brasil”.
O turismo, prejudicado pela pandemia de Covid, ainda se encontra em situação precária, porém é um setor no qual se vislumbra grande potencial. “Os italianos gostam de visitar o Brasil. Além disso, existem as questões de trabalho e estudo e os laços familiares como geradores de viagens entre os dois países”, afirmou o embaixador.

O embaixador
Francesco Azzarello nasceu em Palermo em 23 de dezembro de 1958. É casado e tem duas filhas. Graduou-se em Economia e Comércio pela Universidade LUISS de Roma em 1981. Ingressou na carreira diplomática em março de 1986, inicialmente lidando com Desarmamento e Controle de Armas na Direção Geral de Assuntos Políticos.

Desde 1988, atua como Primeiro Secretário Comercial da Embaixada da Itália em Teerã. De 1991 a 1995 foi Cônsul em Adelaide, Austrália. Ao regressar a Roma, foi nomeado Regente do Gabinete para a Promoção da Língua e Cultura Italiana junto das Comunidades Italianas no Estrangeiro da Direcção-Geral da Emigração e dos Assuntos Sociais. De 1997 a 2000 foi Vice-Chefe de Missão na Embaixada da Itália em Tirana.

De 2000 a 2003, regressou ao Ministério, na Direcção-Geral da Cooperação Económica e Financeira Multilateral, Dívida Externa e Crédito à Exportação, exercendo também o cargo de Chefe da Delegação Italiana no Clube de Paris. Nos anos seguintes, atuou na Representação Permanente da Itália junto às Nações Unidas em Nova York, onde foi Coordenador Político durante o biênio italiano como membro não permanente do Conselho de Segurança (2007-08). Em seguida, retornou à Itália para ocupar o cargo de Chefe da Secretaria Especial do Subsecretário de Estado para a Europa, União Europeia, Chifre da África e italianos no mundo, de 2008 a 2011.

De 2012 a 2016, foi Embaixador da Itália no Reino dos Países Bassi e Representante Permanente da Itália junto à Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opac), ocupando também o cargo de Presidente do Conselho Executivo da Organização de 2015 a 2016.

Desde 25 de junho de 2015, é um agente do Governo na arbitragem entre a Itália e a Índia para o acidente Enrica Lexie. De volta ao Ministério, foi nomeado Diretor da Autoridade Nacional Uama (Unidade de Autorização de Bens Militares). A partir de 7 de janeiro de 2020 é Embaixador da Itália no Brasil, com acreditação secundária no Suriname.