Lixo e transporte são responsáveis por quase 90% das emissões de gases de efeito estufa da cidade
Acostumada a liderar diferentes rankings de avaliação de cidades, Curitiba parece ter deixado no século passado sua vocação de “capital ecológica”. Entre os 5570 municípios brasileiros, a cidade está entre as 100 maiores emissoras de CO2. Na região Sul, a capital do Paraná lidera a emissão de CO2 gerada pelos resíduos sólidos e aparece no terceiro lugar quando os números tratam da emissão de gases de efeito estufa gerados pela queima de combustíveis fósseis.
No total das emissões, Curitiba aparece no terceiro posto com 3.214.461 tCO2e. Os dois maiores responsáveis pelas emissões da capital paranaense são os setores de energia com 2.172.533 e o setor de resíduos com 1.018.567tCO2e. A cidade fica atrás apenas de Capivari de Baixo (SC) e Candiota (RS), duas localidades que têm como atividade principal a extração de carvão.
Combustível Fóssil – Região Sul 
Resíduos Sólidos – Brasil 
Ranking de emissão – Região Sul
Os dados constam no Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), uma iniciativa do Observatório do Clima que compreende a produção de estimativas anuais das emissões de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil.
São avaliados todos os cinco setores que são fontes de emissões – Agropecuária, Energia, Mudanças de Uso da Terra, Processos Industriais e Resíduos com o mesmo grau de detalhamento contido nos inventários de emissões. Os dados veiculados em outubro passado, na Coleção 9 do SEEG, constituem uma série que cobre o período de 1970 até 2020, exceto para o setor de Mudança de Uso da Terra, que tem a série de 1990 a 2020.
“Até hoje menos de 5% dos municípios brasileiros tinham algum inventário de emissões de gases de efeito estufa. Agora todos terão os dados para uma série de 20 anos e esperamos que isso sirva de estímulo para promover o desenvolvimento local com redução das emissões e enfrentamento das mudanças climáticas”, explica Tasso Azevedo, coordenador-geral do SEEG. “Como os dados são disponibilizados de forma aberta e gratuita, significam também uma enorme economia de recursos públicos, que podem ser focados nas ações para reduzir emissões”, completa.
Queima de combustíveis fósseis
Com uma das maiores taxas de veículos por habitante do país, Curitiba ocupa o 14o posto entre as cidades brasileiras que mais emitem CO2 através da queima de combustíveis fósseis. Somente em 2018, o setor de transportes da cidade emitiu 1.928.716 tCO2e. Florianópolis é a capital do motor: 62% das emissões do município vêm dos transportes. Logo abaixo na lista, empatadas, estão Brasília e Curitiba, com 59%. O número de emissão poderia ser reduzido caso a cidade investisse em modais baseados em energia elétrica. Atualmente, Curitiba segue sem nenhum ônibus 100% elétrico diferente de cidades como Campinas, Bauru, São Paulo, Maringá, Santos e Volta Redonda.
Resíduos sólidos
Curitiba é líder absoluta da Região Sul em emissão de gases de efeito estufa por meio dos resíduos sólidos. No ranking nacional a cidade ocupa o sexto lugar ficando à frente de cidades mais populosas como Salvador e Manaus. As capitais e os municípios brasileiros com mais de 1 milhão de habitantes são responsáveis por cerca de 30% de todas as emissões do setor.
O tratamento de resíduos, embora responda por apenas 4% das emissões brutas do Brasil, é uma fonte de emissões importante para as cidades — especialmente as mais populosas. O Rio de Janeiro lidera esse setor, com 5,6 milhões de toneladas, seguido por São Paulo, que, apesar de ter o dobro da população, emite 5,45 milhões de toneladas, devido à maior eficiência no tratamento de lixo e à captura de metano para gerar energia em aterros sanitários.
