O escritor curitibano Dalton Trevisan está completando 97 anos e a Zelig encontrou uma raridade: os primeiros textos publicados em jornais pelo autor, ainda criança, muito antes do lançamento da revista Joaquim (1946) e de Sonata ao Luar (1945), seu primeiro livro.
Datam de 1938 as primeiras aparições de textos dele em periódicos. N’O Dia, de Curitiba, descobrimos na edição de 6 de abril que o Vampiro, quem diria, já foi escoteiro:
Neste mesmo ano a vertente literária já se mostrava latente na vida do garoto curitibano de 13 anos, com frequentes colaborações à revista infantil carioca “O Tico-Tico”. Eram pequenos textos; um deles versava sobre as borboletas e Dalton chegava a uma interessante conclusão:
Muito certo, o menino Dalton.
Leia abaixo os textos na íntegra:
Os caninos afiados já começavam a pedir por sangue novo e Dalton passou a procurar novas publicações para seus textos, mesmo fora do universo infanto-juvenil. Mas nem sempre a proposta era bem aceita: em 1939, a revista Boa Nova, do Rio de Janeiro, respondia de forma muy gentil ao garoto Jerson (nome do meio de Dalton Trevisan) que não publicaria o texto enviado por não se tratar de uma publicação infantil:
Nos anos 40, já adolescente, Dalton Trevisan ainda era um desconhecido no cenário da literatura. Mas já passava a ganhar espaço em mais e mais publicações em Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo, começando a marcar seu nome junto aos leitores. Em 1941, ainda numa fase de poesia, a revista Careta publicava em sua “Gaveta da Cartas” o soneto Linda:
Ainda em 1941 passou a colaborar com a revista curitibana Gran-Fina:
Já maduro e agora mais focado na prosa, O Vampiro estava pronto para lançar seu primeiro livro e lançar a revista Joaquim, que conquistou prestígio nacional. Paralelamente, passou a colaborar com a revista mensal A Cigarra, editada em São Paulo pelo jornalista Gelásio Pimenta. Dentre os colaboradores estavam escribas do quilate de Monteiro Lobato, Oswald de Andrade, Paulo Setubal, Millôr Fernandes e outros.
Em março de 1946, seu texto “Nicanor, Tuberculoso e Poeta”, venceu o concurso de contos da revista e foi assim publicado, com ilustração de Percy Deane:
A partir daí, toda a história já foi contada. O Vampiro de Curitiba chega hoje à beira do centenário como um dos grandes escritores da língua portuguesa. E com boa parte de sua produção ainda escondida em páginas de antigos jornais.