O santo casamenteiro também tirou o pai da forca

13 de junho é o Dia de Santo Antônio, data em que morreu então o teólogo franciscano português Fernando de Bulhões y Taveira, em 1231, aos 35 anos – já com o nome religioso de Antônio, o qual adotou ainda jovem ao tornar-se membro da Ordem dos Frades Menores de São Francisco, em Lisboa.

Ilustração de Thomaz de Mello, artista brasileiro radicado em Portugal (1931)

Junto com São Pedro e São João, forma a tríade sacra mais famosa e querida do Brasil: são os santos das festas juninas. Dos três, Antônio tornou-se a figura mais popular devido à alcunha de “santo casamenteiro”. Mas de onde surgiu essa fama?

Pois bem, na biografia de Santo Antônio constam vários milagres, menos o de ter desencalhado alguma tia que não conseguia arrumar marido. A fama de cupido só pegou mesmo no Brasil, muito tempo depois de sua morte, pelas mãos dos colonizadores portugueses no século XVI.

A origem dessa superstição parte de algumas lendas populares. A mais famosa versa sobre uma mulher que não aguentava mais a solteirice. Em um momento de raiva, arremessou a imagem do santo pela janela e acabou acertando um homem na rua. A moça foi socorrê-lo e iniciaram uma conversa que, posteriormente, se transformou em romance e terminou no altar.

Essa fama de casamenteiro e as versões sobre seu início são bastante conhecidas. O que pouca gente sabe é que a expressão “tirar o pai da forca” também tem origem em um dos principais milagres atribuídos a Santo Antônio.  

Ele estava pregando em Pádua, na Itália, quando recebeu um aviso de que seu pai seria condenado à morte por enforcamento em Lisboa, após uma injusta acusação de homicídio. Aí, então, praticou a bilocação (ato de estar simultaneamente em dois lugares distintos – segundo o espiritismo, uma capacidade psíquica; no cristianismo, considerado como milagre). No mesmo instante, permaneceu imóvel no púlpito de onde fazia sua pregação e apareceu também no tribunal onde seu pai era julgado. Antônio teria convencido o juiz a tomar o depoimento do morto; todos no tribunal se debandaram para o cemitério, onde o defunto teria se levantado e, então, citado os nomes do verdadeiro assassino.

“Matrimônio, matrimônio”

Os santos juninos foram homenageados pelo compositor Lamartine Babo na canção “Isso é lá com Santo Antônio”, verdadeiro hino das festas juninas Brasil afora. A música foi gravada por diversos artistas, e aqui você confere a interpretação da banda curitibana Maxixe Machine:

Eu pedi numa oração
Ao querido São João
Que me desse um matrimônio.
São João disse que não!
São João disse que não!
Isto é lá com Santo Antônio!
Eu pedi numa oração
Ao querido São João
Que me desse um matrimônio.
Matrimônio! Matrimônio!
Isto é lá com Santo Antônio!
 
Implorei a São João
Desse ao menos um cartão,
Que eu levava a Santo Antônio.
São João ficou zangado.
São João só dá cartão
Com direito a batizado.
Implorei a São João
Desse ao menos um cartão,
Que eu levava a Santo Antônio.
Matrimônio! Matrimônio!
Isso é lá com Santo Antônio!
 
São João não me atendendo,
A São Pedro fui correndo
Nos portões do paraíso.
Disse o velho num sorriso:
"Minha gente, eu sou chaveiro,
Nunca fui casamenteiro!"
São João não me atendendo
A São Pedro fui correndo
Nos portões do paraíso.
Matrimônio! Matrimônio!
Isso é lá com Santo Antônio!