Redes sociais ganham espaço como fonte de notícias

A guinada no mercado da comunicação continua acontecendo com força. Já se foi o tempo em que era preciso ligar o rádio, esperar pelo telejornal das 20h ou pelo jornal impresso do dia seguinte para saber o que estava acontecendo na sua cidade ou no mundo. A mudança causada pela internet foi global e está sendo reforçada agora pelas redes sociais, aponta estudo da Reuters Institute for the Study of Journalism e da Universidade de Oxford: Facebook, YouTube e WhatsApp já ultrapassaram as principais plataformas tradicionais de consumo de informação.

O estudo, publicado pela Digital News Report, analisou 34 países por todo o mundo. O uso generalizado das redes sociais é inegável, a diferença vai para o uso que cada país lhe dá. Assim, se nos Estados Unidos e no Reino Unido apenas entre 3% e 5% de notícias são consumidas via WhatsApp, na Malásia o número chega a 51% e, no Brasil, a 46%.

Facebook e YouTube são as principais fontes de consumo de informação do mundo atualmente. Apenas Japão e Coreia do Sul não têm o Facebook como a principal plataforma onde se consome notícias – por lá, destacam-se o YouTube e a Kakao Talk (uma rede social local).

Padrão comum
Na generalidade dos países, o consumo de notícias pela televisão e por meios online têm aumentado, ao mesmo tempo que o jornal impresso está caindo em desuso.
Por outro lado, verifica-se também uma tendência decrescente em escolher um media como meio prioritário para aceder às notícias. A preferência, neste caso, recai cada vez mais nas redes sociais e nas aplicações de chat, com o WhatsApp, Viber e Facebook Messenger.

O relatório conclui também que há algumas diferenças na forma como se consome informação. Muitos dos utilizadores preferem partilhar e comentar de forma privada, via chat, o que acontece no dia a dia. Não surpreende então que em países onde há menos liberdade de expressão o WhatsApp apareça como o maior motor de transmissão de informação. O estudo dá ainda o exemplo de países como o Chile, onde as estações de rádio comunicam através de mensagem áudio dentro da aplicação WhatsApp, o que aumenta o consumo desta rede social.

O nível de confiança nas notícias foi outro dado analisado. Os mais elevados vão para os países do Norte da Europa e Escandinavos, mas também Portugal e o Brasil aparecem destacados nos primeiros lugares. O resto da Europa revela menores níveis de confiança, tal como alguns países asiáticos, onde os media são vistos como muito próximos ao Governo.

Pay-per-view com pouca adesão
Quanto ao consumo efetivo em si, o relatório concluiu que apenas 13% dos leitores pagam para acessar notícias online. É nos países do norte da Europa onde se paga mais; do lado oposto encontram-se os países do sul da Europa e da Ásia.

Algorítimo
Uma questão-chave para os formuladores de políticas é como essa mudança para a descoberta de conteúdo através de redes sociais, pesquisa e agregadores personalizados está afetando a variedade e o tipo de notícias que consumimos. Isso amplia ou restringe nossas escolhas? As evidências mostram que, longe de restringir o conteúdo, os algoritmos estão expondo a maioria dos usuários a uma maior variedade de fontes on-line.

Usuários de buscas e redes sociais são significativamente mais propensos a ver fontes que normalmente não usariam comumente.

Mobile avança
Se as mídias sociais estão atingindo a saturação, o mesmo também é verdadeiro para os smartphones – pelo menos nos mercados desenvolvidos. Na maioria dos países, o alcance semanal de notícias está em um nível semelhante ao ano passado ou está caindo, apesar de terem visto aumentos nos EUA (55%) e no Reino Unido (49%).

Mas isso não significa que o smartphone está se tornando menos importante. A cada ano, a dependência desse tipo de dispositivo continua a crescer. Tomando os Estados Unidos como um exemplo, podemos ver como, ao longo do tempo, muito mais pessoas estão usando o smartphone para acessar notícias, enquanto muito menos dependem de um computador desktop ou laptop.