O multitalento de Valêncio

O multitalento de Valêncio Xavier

Valêncio Xavier completaria 88 anos neste domingo. Nasceu em Sampa, em 21 de março de 1933. Morreu em Curitiba em 2008, aos 75 anos. Versátil e criativo jornalista, cineasta e escritor revolucionário em prosa marginal e experimental. Gênio, enfim, no audiovisual e no texto. Criador da Cinemateca de Curitiba.

Cinco anos após sua morte, o ‘zeliger’ Sandro Moser o homenageava:

“Valêncio Xavier Niculitcheff. Filho de russo da curva do Volga. A mãe morreu e o ‘menino mentido’ chegou em Curitiba em 54. Foi à França. Bateu carteiras com Bresson, usou o vaso com Duchamp e passou a mão em Brigitte. De volta, jogou em todas. Galã. Conheceu Luci no interior. Flerte, altar e São Paulo. Redator dos primeiros ais de Silvio Santos na tevê. Cidade contra a Cidade. Na publicidade, os brinquedos Estrela. De volta. Canal 6. Canal 12. Histórias Que a Vida Conta. Globo Repórter fase Cinema Novo. Na literatura, o rato de sebo chegou ‘aos cornos da lua’ (a medida da própria glória). Em 81, pensou, garimpou, cortou, escreveu e colou na mesa da sala da casa no Ahú: O Mez da Grippe. E tantos livros, raccontos e poemas. A morte como o tema, mais fetiches, prostitutas, incesto.”

Texto de Sandro Moser, Ilustração de Benett Macedo e Design de Osvalter Urbinati

Poty, o amigo, ilustrou boa parte de sua obra. Aliás, não seria infundado afirmar que, junto a Dalton Trevisan, Valêncio e Poty formem a nossa Santíssima Trindade. Certa vez alguém disse que, se Dalton é o Vampiro, Valêncio é o Frankenstein de Curitiba. Apelido que não pegou, mas faz sentido diante da inventividade de sua obra.

Valêncio Xavier 75 anos - Versátil e criativo jornalista, cineasta e escritor revolucionário em prosa marginal e experimental. Gênio, enfim, no audiovisual e no texto. Criador da Cinemateca de Curitiba.

Dos livros, o mais famoso foi o Mez da Grippe, de 1981, que voltou aos holofotes novamente agora, em tempos de Covid. Foi vencedor do Prêmio Jabuti de melhor produção editorial em 1999.

Graças a Valêncio, assistimos pela primeira vez ao filme Zelig, numa aula de Documentarismo na PUC no começo dos 1990s. Depois, tivemos a oportunidade de trabalhar com ele na Gazeta do Povo – cuidávamos da versão online, enquanto ele criava e escrevia para o finado Caderno G. Redação tem disso: proporciona a meros focas a possiblidade de trabalhar com gênios – os verdadeiros professores. Aprendizado enorme para jornalistas mancebos.