Leo Hishida lança primeiro EP e ensina “como dar sentido a confusão”

O guitarrista, produtor e compositor Leo Hishida mostra em seu primeiro EP solo “Sunny Day in Brussels” que é preciso estratégia no meio da confusão.

O músico nascido em Norwich, na Inglaterra, e criado em Curitiba, vive há 18 anos na Europa e estreia seu trabalho solo com um “disco de produtor”, meticulosamente planejado.

Leo escreveu todas as canções e toca todos os instrumentos, retomando assim os papeis de compositor e arranjador que exercia em conjunto com os outros músicos do Woyzeck, uma das bandas mais importantes da “geração 1990”.

Das seis faixas do EP, apenas “Talk 2 Me” é remix de uma gravação feita em 2012. As cinco demais são novas, compostas em sequência entre março e novembro de 2016.

Um período conturbado em Bruxelas, onde o músico vive há sete anos; foi em março que ocorreram os atentados terroristas no aeroporto e no metro da capital belga que mataram 35 pessoas, deixando o país em pânico.

O caos desta circunstância influenciou o processo de gravação do EP, mas não foi o principal.

“Acho que não fico tão assustado com isso. A violência não é desconhecida quando a gente que vem do Brasil, ainda que não seja exatamente igual”.

A aceleração do processo musical veio quando ele conseguiu organizar o caos à própria criação. “A hora que percebi que tinha juntado conhecimento e técnica suficientes pra começar e terminar o projeto foi o pulo do gato. No meio dessa confusão eu gosto do desafio de tomar pontos de partida bem diferentes em cada tema, e trabalhar para que o conjunto faça sentido”.

Estratégia do eu sozinho – A ideia de gravar o disco solo apareceu em 2012, quando Leo gravou alguns temas de voz guitarra e violão. Um desses temas, Talk 2 Me.

“Mas percebi que exigia muito mais do que isso pra funcionar”. Leo que já tinha atuado como engenheiro de som no Solo Studio, em Curitiba montou um home studio e fez a lição de casa. Estudou tudo o que encontrava pela frente sobre sintetizadores e música eletrônica, começou a estudar piano.

Fez dois cursos de produção musical: um de masterização e outro de produção de música eletrônica – foi quando pôde trocar experiências com outros companheiros e instrutores, o que não era possível isolado no estúdio.

Só então Leo conseguiu transformar as ideias que tinha em um produto. O disco foi produzido inteiramente em seu estúdio particular.

Leo tocou todos os instrumentos (guitarra, piano e sintetizador Moog Sub Phaty), arranjos, vozes, beats, mix e, finalmente, a masterização. “Caso tivesse que viajar, levava comigo o computador e continuava o trabalho na estrada”.

Ainda que seja mesmo um disco de produtor, em que o músico faz de tudo do começo ao fim, deve dar pra é notável na maioria das faixas que é o trabalho de um guitarrista, seu instrumento original. “Se durante a composição as guitarras não eram as primeiras a aparecer, vinham logo em seguida. Ainda é, imagino, onde me sinto mais à vontade”.

Os dias de sol em Bruxelas são tão raros quanto os da cinza Curitiba em que Leo Hishida cresceu.

“Cada dia de sol é precioso, e a alegria que traz um dia de sol em Bruxelas deve ser o que me inspirou para a música, que dá nome ao EP”.

Ele conta que conheceu a cidade há mais de 10 anos e, “ao contrário do que possa estar no imaginário das pessoas, é uma cidade em uma população bem misturada. Cidade viva, movimentada e também um pouco suja”.

Ele destaca a saudável mistura de gente de todos os lados: de toda Europa – em razão do Parlamento, do Conselho e da Comissão Europeia, de todo o mundo interessado em negociar e manter contato com a UE, e muita gente que vem do antigo Congo Belga também.

A capa do EP foi criada pela artista gráfica curitibana Isa Todt.

Biografia – Leo Hishida do Nascimento nasceu em Norwich​ (Inglaterra) em 1974, enquanto seus pais concluíam um período na universidade local (East Anglia).

Com cerca de um ano mudou-se para Curitiba e lá cresceu, estudou e teve a maior parte de sua formação musical: principalmente a guitarra elétrica e o violão clássico.

Em 1999, um ano após o lançamento do cultuado álbum Quebra-Queixo, do Woyzeck​, mudou-se para a Europa e viveu em vários países: Espanha (Madri 99-2000 e 2003-2005), Itália (Lago Maggiore – Ispra, 2005-2007), Áustria (Viena, 2007-2010) e, desde 2010, Bruxelas.

Sunny Day in Brussels – Faixa a Faixa por Leo Hishida

1- “She Thinks I’m a Fortune Teller”

“Um dia, discretamente ouvindo uma conversa alheia, ouço uma senhora a se queixar de algum companheiro impertnente. Diz ela, “Ele acha que a gente é adivinho”. Dali surgiu “She Thinks I’m a Fortune Teller”, a primeira faixa do EP”.

2- “Let’s Go Home”

“É um groove, com um toque de blues, e uma conversa até que sincera entre os teclados e a guitarra”.

3- “Sunny Day in Brussels

“Tem um toque psicodélico, e, como mencionei antes, não somente porque há poucos dias de sol por aqui. Enquanto compunha, imaginava ela sendo gravada pelo The Polyphonic Spree. Junto com “Talk 2 Me”, foi o ponto de partida da produção desse EP.”

4- “Do The Raski”

“O clássico formato mais indie rock/pop. E a letra é uma homenagem bem humorada ao “herói” do livro mais do que clássico “Crime e Castigo”.

5- “Quero Voltar”

“O refrão de “Quero Voltar” já girava na minha cabeça faz alguns anos. O lauê- lauê tpico do samba-canção não descansou no cervelo até conseguir acabar materializado no disco.”

6- “Talk 2 Me”

“Talk 2 Me”, ainda numa versão anterior, de 2011, pedia pra ter um acompanhamento electro. Eu, obedientemente, fiz então uma versão trance pra lhe agradar.

* O * U * Ç * A *

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